Existe um grau elevado de complexidade em construir uma ponte entre a música e uma das profissões mais impactantes do mundo. Contudo este caminho a própria instituição percorreu para que hoje pudéssemos abordá-lo.
Para além da música, a arte de maneira geral é uma via de escape não apenas para policiais, como para todos. A arte tem o poder de transportar o ser humano para outros lugares sem que ele se locomova fisicamente.
Seja para soltar a imaginação ou liberar um universo lúdico, remeter a uma pessoa, a um lugar, lembranças ou mesmo expectativas para o futuro, ouvir uma boa música assistir a uma peça teatral, observar uma tela bem pintada ou uma fotografia, entre outras formas de arte, pode despertar ou ativar o hipocampo (responsável pelas memórias).
A música, especificamente, também consegue alcançar regiões instintivas do verme cerebelar (estrutura do cerebelo que modula a produção e liberação pelo tronco cerebral dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina), o que pode entregar a sensação de bem estar, diminuir o estresse e ansiedade em todos os momentos.
Para trazer maior compreensão sobre este tema tão profundo que é a música e suas influências na vida do Policial Militar, nós contamos com a colaboração e explanação da psicóloga humanista, ativista pelos direitos humanos e ambientais, Eliara Magalhães.
Analisando parte da pesquisa, Eliara nos apresentou sua perspectiva, segue:
“A comunicação indireta da música com qualidade sonora, produz eficiente sensibilização, que estimula perceber questões difíceis de acessar na comunicação direta.
A aplicação musical para grupos de profissionais que atuam em ambientes de violências sociais, como os policiais militares, produz ação terapeuta a estes e, também, ação de conscientização e intervenção cívica para a população que os assiste.
Na minha experiência como ouvinte, eu percebi a população se despertando a ver estes profissionais com admiração, respeito, e que, através desta proximidade, se tornou possível registrar comunicação de questões sociais inerentes, nas quais os policiais podem antevir resoluções, para que as populações diminuam delitos.
Não existe controle social mais eficiente do que instrumentar a população em comunicar seus conflitos e delinquências, de modo que busquemos soluções coletivas para não as gerar. Na arte musical, e em diversas outras artes, que se tornaram mais acessíveis e públicas, se consta muitos relatos de que através destas refugou mortes, brigas, e muitos desamparos sociais.
Como nos coloca o educador Josep Maria Puig, um dos maiores especialistas internacionais em educação moral, no seu livro aprendizam serviço: ‘Certamente, na rede há uma série de fatores que contribuem com riqueza e diversidade, mas ao mesmo tempo podem ser uma fonte de divergência e conflito. Na verdade, os objetivos das associações vinculadas a uma causa são diferentes dos da escola e da entidade; a cultura de trabalho das respectivas equipes pode não ser a mesma; nem os prazos, urgências ou prioridades. Inclusive a apreciação de resultados podem não coincidir’.
Tiro deste destaque que o tempo de aprendizado de cada um é diferente, as perspectivas nunca conseguirão ser a mesma o tempo todo, mas, o encontro de alguns interesses, como promover um espetáculo, pode minimizar conflitos, tanto aos que estão participativos quanto aos que estão nos bastidores destes ou na plateia.
Para finalizar, desejo que a eficiência social da música de qualidade continue sendo valorizada e que se torne cada dia mais próxima de todos gratuitamente, “ disse.
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