O calor de Rio Preto está demais! Após uma severa crise climática, a cidade vive uma crise política que se acentuou com a chegada das eleições municipais. Com diversas opções políticas para todos os campos e gostos, uma em especial ganhou evidência. Ao que tudo indica, a esquerda não se concentra mais em apenas uma família.
Depois de inúmeras críticas e casos de abuso de autoridade dentro dos principais partidos do "campo progressista" da cidade, muitos nomes fortes e de militância arraigada migraram para o então partido de centro-esquerda, o Solidariedade, que surgiu como uma alternativa aos cansados de fazer parte de uma "esquerda" que ao final se entende como centralizadora e não muito diferente da tradicional direita, já que ali o poder foi passado de pai para filho e as decisões se concentram em uma sala com um grupo seleto de no máximo cinco pessoas, diferentemente do espírito de coletividade que tanto pregam.
Embora recente e tímido, o partido Solidariedade trouxe um tom especial para estas eleições, já que com medo da ascensão de uma nova frente progressista e, desta vez, uma que dialoga e, de fato, pensa na construção de políticas efetivas, ao invés de só "lacrar" na Câmara Municipal, os líderes da esquerda mais uma vez não pouparam esforços pra novamente eleger seu "líder-mór", que papou quase 10 mil votos e garantiu sua cadeira, deixando o restante da chapa "a ver navios". "Que xou da Xuxa é esse?", muitos candidatos que acreditaram num projeto de partido coletivo se perguntaram no domingo, 6, após a apuração dos votos.
Parece que o partido laranja e azul veio para ficar, já que mesmo não fazendo uma cadeira na câmara, não arredou o pé e continuou fazendo campanha para o candidato do bigode grosso, no intuito de combater a eleição do real candidato de Bolsonaro, o fardado. Diferentemente da "frente do amor" que, ao invés de unir forças "contra o fascismo", como ela mesmo grita, preferiu pregar o voto no 13, quem nem disputando está mais, pois na corrida eleitoral foi a quarta chapa mais votada. Seria isso o ego ferido de quem não conseguiu se consolidar como uma frente política de notoriedade para uma majoritária ou medo de uma nova frente de esquerda se consolidar na cidade? Ou os dois? Ou mais: seria um apoio velado ao candidato amigo do "Mito"? É de se pensar!
O burburinho é de que uma parcela muito pequena da esquerda vai anular o voto. O povo não deve ser tão sem consciência assim. Porém, agora é tarde demais... Depois da "frente do amor" passar as eleições inteiras batendo em um candidato do centrão que, inclusive, é do mesmo partido de, pelo menos, três ministros do governo Lula, estamos prestes a acessar várias publicações com os dizeres "ninguém solta a mão de ninguém" no domingo, depois de consolidada a eleição de Marcondes, digo, do outro Fábio.
Apesar das dificuldades, uma parte do campo progressista agora tem para onde correr. Melhor seria se aceitássemos que a esquerda pode ser plural. Lá na minha terra (a da Inconfidência), a esquerda se pronuncia no plural: "as esquerdas". Tem a gourmet, tem a do gueto, tem a antiproibicionista, a tradicional, tem a universitária.
Vamos normalizar as esquerdas em Rio Preto também!
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