Elis Bohrer leva seu projeto “Abayomi: produção de bonecas, a história de uma menina negra e os encontros que trazem esperança” para as crianças da Favela Marte. A contação de história conta com a atuação de David Balt, Lila Santiago e Glaucia Ramires e com os músicos Rogerio Pinheiro e Sandro Suarez.
Baseada na obra “Vida Que Voa”, escrita pela própria criadora da boneca Abayomi, a maranhense Lena Martins, a contação coloca as potencialidades da criança negra no centro. A performance atinge o auge quando no embalo de uma rede, menina Isadora juntamente com a avó, tem uma conversa que apesar de poucas palavras, é muito profunda.
“A cultura afro-brasileira é muito rica. A Abayomi ‘nasceu’ livre, ela já faz parte da construção da identidade brasileira e carrega consigo muita potência em forma de singeleza. Todo mundo pode produzir a boneca”, explica Elis Bohrer, idealizadora do projeto.
A boneca Abayomi é feita em tecido preto, sem traços faciais definidos, para que possa representar todas as etnias africanas, feita sem usar cola ou costura.
“Levar Abayomi e esses artistas maravilhosos para as escolas e projetos sociais é também levar representatividade e resgate histórico e cultural de um povo que foi apagado e silenciado”, finaliza.
O projeto foi selecionado através da Lei de Fomento à Cultura Paulo Gustavo e conta com a participação de oito artistas que vivem em Rio Preto.
Histórias míticas acerca da Abayomi foram criadas, que inclusive desvirtuam a real história do processo diaspórico de países africanos. Indo na contramão do que vem sendo difundido através da boneca, o projeto de Elis Bohrer conta a história de uma criança que nasceu “alforriada”.
Inspirada no livro “Vida que Voa” de Lena Martins, a contação trata da história de afeto entre uma avó e sua neta, com muita profundidade, a conversa acontece no balançar de uma rede.
A boneca Abayomi, importante símbolo de resistência negra na cultura brasileira, foi criada pela artesã maranhense Lena Martins no final da década de 1980, quando se discutia a marcha pela farsa de 100 anos da abolição e o movimento das mulheres negras passava por um intenso período de produção de conhecimento e crescente visibilidade.
Lena, radicada no Rio de Janeiro e participante deste movimento, era animadora cultural do CIEP Luiz Carlos Prestes, na Cidade de Deus, quando em 1987, criou a boneca preta feita com retalhos de pano, sem cola e sem costura, que foi batizada um tempo depois por Ana Gomes, que na época estava grávida. Ana contou que se a criança fosse menino se chamaria Abebe Bikila e se fosse menina se chamaria Abayomi.
Como nasceu menino, o nome enfim chegou para a boneca com a explicação de seu significado: meu presente. No início da década de 90, com a formação da Cooperativa Abayomi, composta por mulheres artistas e educadoras, a boneca (e toda a carga histórico-social que gestou sua criação) começa então a ser difundida com oficinas e vivências realizadas em diversas partes do Brasil.
Cantora, compositora, musicista, jornalista e produtora cultural, Elis Bohrer é uma mineira, de Ouro Preto, que se apaixonou pelo interior de São Paulo, onde desenvolve diversos projetos artísticos voltados para a cultura afro-brasileira, mulheres e infância.
Idealizadora de “Samba e Ancestralidade”, “Ao Som Desse Bolero”, “Música na Feira e Mulheridades”, entre outros projetos, está vice-presidente do Conselho Municipal Afro, onde atua políticas de combate aos crimes de racismo em São José do Rio Preto e Região.
Dia: 20/4
Horário: 10h
Local: Favela Marte
Classificação: Livre para todos os públicos
Elis Bohrer: produtora cultural e executiva, voz e violão, assessora de imprensa e contadora de história
Lila Santiago: atriz e arte educadora
David Balt: ator e arte educador
Sandro Soares: violonista
Glaucia Ramires: roteirista e acompanhamento pedagógico
Rogerio Pinheiro: percussionista e produtor musical
Thaisy Rodrigues: tradutora de libras
Denise Cristina: identidade visual e artes digitais
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