A cultura de Rio Preto vem se articulando de maneira mais intensa e ampla. Durante a pandemia, artistas e produtores da cidade sentiram na pele mais intensamente a falta de políticas voltadas para um dos setores que mais movimenta a economia do país, a cultura.
Além disso, a população geral experimentou uma sensação muito ruim, a falta de atividades culturais, experimento esse que pode se tornar constante, se o orçamento municipal direcionado para a cultura não aumentar.
Ao longo dos anos, a cultura de Rio Preto foi ficando às margens dos projetos e anseios das gestões municipais, que sempre priorizam as políticas das obras, o concreto, no lugar da dignidade humana. Obviamente que as obras são importantes, mas sem equipe qualificada de nada servem. Isso se aplica aos hospitais e às escolas, com os teatros e espaços culturais não é diferente, Rio Preto precisa formar mais artistas e trabalhadores da cultura para que a pauta avance no município, gerando mais receita, oportunidade de trabalho e renda e retornando para a população em forma de bem estar e saúde mental.
É de extrema urgência que a cidade comece a pensar a cultura para além do entretenimento, como também como instrumento de educação, inclusive as duas áreas que se relacionam: cultura e educação.
Porém poucos gestores estão dispostos a investirem o mínimo em ambas as pastas, já que uma população bem educada e culturalmente identificada é uma população plenamente propensa a desenvolver senso crítico e desenvolver senso crítico implica também numa escolha mais cautelosa dos representantes políticos. Em razão disso, alguns legisladores ou se abstém ou votam contra a cultura, muitas vezes sem saber que estão negando ao povo a oportunidade da educação e saúde proporcionadas mediante a cultura.
A expectativa é grande para que finalmente neste ano haja uma disruptura com o que vem sendo proposto à população e profissionais da área. Rodolfo, que fala em nome de um conselho organizado por segmentos, pensa em uma política eficaz e duradoura para a cultura, com a possibilidade de tempo e verba para planejar as ações municipais.
“Nessa votação para a LDO que haja um direcionamento tanto do legislativo, como o entendimento pelo executivo da importância de no mínimo 1% para a cultura. A cultura ela vem sendo sempre mantida com mínimos direcionamentos orçamentários, como valores que não é possível a criação de novos editais de fomento, ampliação de linhas de fomento, manutenção de espaços, formação dos profissionais, formação dos artistas e a fruição artística mesmo.
A suplementação entra numa forma de gestão que só traz prejuízo, pois não há prazo de planejamento, não há condições de obtenção de valores (valores menores), então quando se suplementa tudo está em cima da hora, com valores maiores. A população como um todo é prejudicada, inclusive os trabalhadores e trabalhadoras da cultura”, disse Rodolfo Kfouri, presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais.
Aprovar o sonhado 1% para a cultura na Câmara dos Vereadores é um dos passos para se conseguir a ampliação das políticas culturais no município. Se aprovada, a proposta é encaminhada para sanção ou veto do prefeito Edinho Araújo.
“Que a gente tenha esse olhar para como a cultura é gerida em nossa cidade. A população precisa perceber o que de fato acontece. Se o executivo veta 1%, aonde está esse olhar para a cultura? Onde está essa valorização para a cultura? Se de fato é valorizado, a gente vai ter esse 1%. Rio Preto merece, os cidadãos merecem e os trabalhadores e trabalhadoras da cultura merecem”, finaliza Rodolfo Kfouri.
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